Sobre Nós

    Em Vila Verde, o grupo nasce a 28 de Janeiro de 2007, com a etapa do pré-encontro animada por dois jovens, a Teresa e o Tiago, onde podemos crescer e preparar-nos para o momento crucial: o Encontro Inicial, que se realizou nos dias 25, 26 e 27 de Janeiro de 2007. A partir daqui começou a nossa etapa de pós-encontro, começou a nossa caminhada enquanto Secretariado Paroquial com responsabilidades na paróquia e no Movimento. Mais Encontros Inicais aconteceram, e mais pessoas se juntaram ao nosso grupo. Hoje somos 25, somos um grupo unido e pronto para crescer na fé, para um compromisso apostólico sério e consciente. Somos um grupo Cristão, com tudo o que isso implica. 

História do Movimento

"Do Segundo Concilio do Vaticano emanou um desafio muito concreto à juventude: a Igreja entregava aos jovens a responsabilidade do rejuvenescimento do seu pprio rosto e exortava-os a construir um mundo melhor que o dos seus antepassados.

Os problemas, as incertezas, os anseios e as esperanças da juventude eram sentidos em todo o mundo. Em Angola acrescia a Guerra Colonial. A migração para os centros urbanos na mira do emprego ou do estudo, a vida encarada a partir de critérios materialistas. a sociedade de consumo, o desinteresse pelo espiritual, eram outros tantos problemas com que a juventude se debatia. No plano religioso, a situação não era brilhante e os problemas apresentavam-se muito concretos: o ambiente citadino estragava e paganizava; a itinencia dificultava uma catequese continuada; a Liturgia não oferecia grandes atrativos.

Era a esta juventude que o Concílio dirigia a sua Mensagem. E esta juventude reagiu. Queria assumir o seu lugar na Igreja, com um espaço específico que lhe era oferecido.

Historicamente, o Movimento Encontros de Jovens Shalom nasceu no longínquo dia 12 de Fevereiro de 1967, data em que algumas centenas de jovens se reuniram e que depois ficou conhecido como o Primeiro Encontro de Jovens.

O Luís Carlos era um jovem que vivia os mesmos problemas da juventude da sua terra. Ele próprio um desenraizado em Angola (viera, criança, dos Açores), foi trabalhador, estudou enquanto trabalhava, fez rádio e teatro, viveu a vida. Aos 22 anos, insatisfeito, decidiu ingressar no Seminário. Durante esses anos, não esqueceu a realidade de onde viera. Nas férias, fala com os amigos, sonda as necessidades, dá respostas, tira notas. Mais tarde, congrega grupos de amigos em Luanda, Nova Lisboa, Benguela e Moçâmedes. Reflete com eles, entusiasma-os. Interpela-os. Os resultados são animadores. Nesse Primeiro Encontro, os jovens participantes acham respostas às suas inquietações. Começam por assumir a espiritualidade apresentada e vivida pelo Luís Carlos no Seminário. Organizam-se, refletem a vida à luz da Palavra de Deus e dão continuidade a essa primeira experiência, cujo eco entusiasmara muitos outros jovens.

A primeira novidade que lhes era oferecida era a evangelização como um processo. Um processo com continuidade, sistematização, aprofundamento, opção. A catequese recebida na infância marcava os jovens, que tinham da Fé ideias infantis, necessariamente insuficientes às suas aspirações. O Movimento propunha-lhes a Educação Permanente na Fé. Valorizou-se a Pessoa com as suas capacidades, limitações e potencialidades, sem distinções. Nesta complementaridade criaram-se condições de entendimento, de descoberta mútua, de plataformas de ação, nos mais diversos domínios. Ação que se impôs como característica fundamental do Movimento.

Apresentaram-se perspetivas concretas de empenho na renovação e no rejuvenescimento da Igreja que os Encontros ofereciam. Essas perspetivas iam desde o aprofundamento de temas, à descoberta de uma oração incarnada na vida, à renovação da Liturgia. Datam daqui a discussão de temas como "Justiça e Paz para o Terceiro Mundo" (50 Grande Encontro, Benguela 1973), a "Missa Yé-Yé " (em 1968) ou da oração que eles próprios faziam e rezavam (Oração do Jovem que encontrou Cristo).

O caminho percorrido não tem sido isento de escolhos. A hierarquia, de uma atitude inicial de natural expectativa e apoio individual de diversos Bispos, passou à aprovação expressa pela Conferência Episcopal. Mas tamm a "PIDE-DGS" (polícia politica extinta em Abril de 1974) "preocupou-se" com o fenómeno. Nunca se vira tanta juventude junta todos os fins-de-semana.

O Luís Carlos é entretanto ordenado padre. Vai a Madrid preparar-se em Pastoral Juvenil, Dinâmicas de Grupos e Pedagogia. Ao regressar é convidado para Coordenador da Pastoral Juvenil de Angola, ficando assim tamm mais livre para as tarefas do Movimento, que cada vez mais, reclamava a disponibilidade permanente de algumas pessoas.

Em Dezembro de 1974, com a aprovação da Conferência Episcopal, funda a Comunidade Shalom (CSh). Esta, passou a ficar totalmente disponível para o Movimento, tendo a seu cargo a preparação de animadores, a dinamização e a interpelação.

Com o êxodo verificado após o 25 de Abril de 1974, iniciou-se a expansão do Movimento para outros continentes. A CSh, com o apoio de D. Aloísio Lorscheider, foi para o Brasil. Os jovens encontristas de Angola espalharam-se pelo mundo. Alguns em Portugal dão início à experiência vivida em Angola. Fruto do trabalho do então Grupo de Lisboa e do Francisco Antunes, realizou-se, no icio de 1976 e na paróquia de Algés, o primeiro Encontro de Jovens de Portugal.

Embora da descrição anterior fique a ideia de um Movimento de massas, importa corrigir essa ideia. O processo de Educação Permanente na Fé, implica uma adesão vital ao anúncio de Jesus Cristo, é um processo pessoal, a ser concretizado em pequenos grupos, em comunidade. Por outro lado, se o Movimento aposta na pessoa tal como ela é, não pode ser um movimento de multidões anónimas e despersonalizadas. A acção do Movimento desenvolve-se por isso em pequenos grupos, localizados, individualizados, inseridos numa realidade que lhes é própria e que se propõem transformar de acordo com critérios evangélicos.

A evangelização dos jovens pelos jovens foi o grande objetivo em que se concretizou a finalidade do Movimento e tudo nele reflete essa preocupação. Se, ao longo destes anos a proposta do Movimento permanece imutável, a sua Pedagogia tem evoluído, a partir da opção feita em 1974 pela Educação Libertadora. Muitos grupos, espalhados por diversas dioceses, vivem hoje essa proposta, fruto de centenas de Encontros Iniciais que têm sido realizados.

Toda a experiência acumulada sintetiza-se nos trabalhos e na caminhada que o Movimento propõe aos seus grupos. Tudo o que se faz parte da pessoa, das suas aspirações, das suas necessidades concretas. Para isso se criaram condições para que elas decidam por si mesmo. Os jovens sentem-se assim mais responsáveis por tudo o que fazem e corresponsáveis na construção do próprio Movimento, que nunca é apresentado como algo perfeito ou acabado.

Em todas as ações, o trinómio Acção-Reflexão-Acção (ARA) tem ajudado a determinar o caminho para chegar aos objetivos que todo o Movimento tem em comum. Sendo vincadamente paroquial, os seus grupos (Secretariados Paroquiais) inserem-se sempre numa paróquia onde, através de Equipas Permanentes de Acção (EPA), desenvolvem ações de cariz bastante diverso, dada a realidade paroquial que encontram, mas sempre em conformidade com a finalidade e estratégia do Movimento.

Anualmente, o Movimento promove atividades abertas à participação de todos, rotativamente coordenadas e com o objetivo de criar espaços de amizade, diálogo e partilha.

Exemplo disso são o Grande Encontro, atividade de uma semana com um tema base de estudo, e o Convívio Nacional.

Entretanto, novas realidades foram surgindo, com as Equipas de Vivência e Partilha Shalom e a Associação Amigos Shalom, que procuram dar resposta às novas necessidades daqueles que vivem uma nova fase de vida, como sendo a evangelização da família. Em todas estas novas realidades, mantém-se presente a Espiritualidade e Pedagogia do Movimento."

 

Francisco Faria

Espiral - 40º aniversário MEJS